#UPDATE SBRH: Vitória se torna a Capital Brasileira da Água
- Comunicação ABRH
- há 5 dias
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O XXVI SBRH reúne governança, ciência e resiliência urbana em debates que refletem os desafios hidrológicos do país. Falam sobre,encerrando a série especial pré-evento, Angelo José Rodrigues Lima, Maria Clara Fava e Rosa Maria Formiga-Johnsson.

Neste domingo, 23 de novembro, Vitória assume o papel de Capital Brasileira da Água, ao receber pesquisadores, gestores, profissionais, estudantes e representantes de instituições de todo o país para o XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), o mais importante fórum técnico-científico da área no Brasil.
Realizado de 23 a 28 de novembro, no Pavilhão de Carapina (Serra, na Grande Vitória – ES), o evento reúne uma extensa e plural programação: conferências, mesas-redondas temáticas, sessões técnicas, atividades paralelas, reuniões abertas e restritas, lançamentos, estandes, painéis e espaços de troca e networking.
Com o mote “A Água como Agente de Transformação: Conectando Pessoas, Saberes e Territórios”, o SBRH 2025 dá centralidade a temas urgentes que atravessam a gestão hídrica brasileira, entre eles governança, mudanças climáticas, resiliência urbana, monitoramento em tempo real, integração entre ciência e políticas públicas e diálogo entre sistemas de conhecimento.
Para antecipar esses debates, a Comunicação Institucional da ABRHidro conversou com diversos protagonistas, como foi possível acompanhar nas últimas semanas. Encerram “os spoilers” Angelo José Rodrigues Lima, Maria Clara Fava e Rosa Maria Formiga-Johnsson, profissionais que integram mesas desta edição e que trouxeram reflexões profundas sobre caminhos e desafios da gestão hídrica no país.
Governança como elemento decisivo para conectar pessoas, saberes e territórios
Angelo José Rodrigues Lima — Secretário Executivo do Observatório das Águas
Moderador da mesa “O papel da Governança na conexão das Pessoas, Saberes e Territórios na gestão das águas”, Angelo José Rodrigues Lima lembra que a água possui, naturalmente, um enorme potencial de conexão, mas que essa conexão só se materializa quando existe governança sólida e funcional:
“A água pode e deve conectar pessoas, saberes e territórios, mas é por meio da governança que isso acontece. Precisamos de componentes de governança para que essa conexão seja efetiva.”
Para ele, o país acumulou avanços técnicos e científicos relevantes, especialmente em temas como uso e manejo do solo e cenários de mudanças climáticas — porém ainda falha no essencial:
“Temos informação e tecnologia, mas não avançamos na governança. A Lei das Águas é muito boa, mas ainda é uma carta de intenções que precisa virar a chave.”
Angelo é incisivo ao tratar da urgência nacional:
“Estamos perto do ponto de não retorno para garantir água potável. Temos 35 milhões de pessoas sem acesso à água e 100 milhões sem acesso ao esgotamento sanitário.”
Para ele, a transformação depende de política “com P maiúsculo” e de fortalecer institucionalmente os Comitês de Bacia, ainda em busca de reconhecimento pleno como órgãos de Estado, com poder efetivo de decisão.
Monitoramento em tempo real e resiliência urbana diante dos eventos extremos
Maria Clara Fava — Professora Adjunta, DECiv/UFSCar
Moderadora da mesa “Monitoramento e Alerta de Desastres Ambientais e Urbanos em Tempo Real: Integração Ciência, Governança e Sociedade”, Maria Clara Fava ressalta que o tema dialoga diretamente com o mote do SBRH ao evidenciar que a água, quando mal gerida, se transforma em agente de desastre, mas, quando administrada com base em ciência, monitoramento e governança, se converte em instrumento de prevenção e resiliência.
“A mesa busca mostrar como a água, quando não adequadamente gerida em ambientes urbanos, pode ser um agente de desastre, mas também como, por meio da ciência e da governança, essa realidade pode ser transformada.”
Ela destaca avanços que vêm reconfigurando a gestão de eventos extremos:
modelagem hidrológica e hidrodinâmica em tempo real;
dados de satélite e sensoriamento remoto;
uso de IA e aprendizado de máquina;
iniciativas de comunicação participativa e educação ambiental.
Mas alerta: ainda existem gargalos estruturais, especialmente falta de dados consistentes e dificuldade de integração entre instituições. A transformação, argumenta, está em protocolos colaborativos e políticas baseadas em evidências:
“É essencial fortalecer a integração entre ciência, gestão pública e comunidades locais para transformar resultados de pesquisa em ações concretas.”
Governança como ponte entre ciência, política e sociedade em tempos de emergência climática
Rosa Maria Formiga-Johnsson — Professora da UERJ
Palestrante da mesa “O papel da Governança na conexão das Pessoas, Saberes e Territórios na gestão das águas”, Rosa Formiga destaca que a governança é o elemento que organiza, qualifica e direciona o uso de todo o potencial técnico-científico atualmente disponível.
Segundo ela, vivemos uma verdadeira revolução tecnológica, com sensores, telemetria, gêmeos digitais, modelos de previsão e painéis em nuvem, mas tecnologia não basta:
“Tecnologia não substitui governança. É preciso aprimorar regras, arranjos institucionais e a interface ciência–política–sociedade.”
Rosa enfatiza que a gestão das águas precisa se adaptar à emergência climática, marcada por extremos cada vez mais intensos, especialmente secas, escassez hídrica e inundações. Ela cita como urgências:
ajustes institucionais;
qualificação das equipes técnicas;
participação efetiva no processo decisório;
atualização dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Em seu “spoiler”, deixa claro o eixo de sua fala:
“Nenhuma solução será eficaz se não integrar participação social qualificada, diálogo entre sistemas de conhecimento e boa governança.”
Fica a dica:
Entre as várias atrações, mais possibilidade no Simpósio:
LANÇAMENTO DE LIVROS
25 de novembro
Estande ABRHidro
O SBRH 2025 também será marcado por uma expressiva agenda editorial, com o lançamento de obras produzidas por pesquisadores, instituições e especialistas da área de recursos hídricos.
Entre os títulos que serão apresentados no estande da ABRHidro estão:
“Manual: Técnicas e Procedimentos para Medição de Descarga Líquida com Perfilador Acústico Doppler (ADCP)”, organizado por Wesley Gabrieli e Cristiane Battiston; “Modelos Digitais de Elevação para Estudos Ambientais”, de Adriano Rolim da Paz; “Cadernos Técnicos de Águas Urbanas – Panorama e Organização do Setor de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais”, organizado por Marina Batalini de Macedo e Anaí Floriano Vasconcelos; e “Governança e Gestão da Água – Decifrando Conceitos”, de Jaildo Santos Pereira.
Também será lançado o volume “Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil – Volume 2: Extremos Hidrológicos”, organizado por Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, Walter Collischonn, Saulo Aires de Souza e Alexandre Abdalla Araujo, com a participação de diversos autores vinculados ao IPH/UFRGS e à ANA.
A programação inclui ainda o anúncio do início do estudo “Atlas Esgotos 2”, organizado por Ana Paula Fioreze e Ana Paula Generino, além da apresentação do “Novo Atlas de Riscos de Inundações do Rio Grande do Sul”, elaborado pela ANA em parceria com órgãos estaduais e com o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
LANÇAMENTO DOS EVENTOS TEMÁTICOS 2026–2027
26 de novembro
15h00 – 16h00
Estande ABRHidro
Organização: Franciele Zanandrea (ABRHidro)
Agenda:
– FLUHIDROS/ENES – Rodrigo Amado
– END/EBHE – Alexandre Cunha
– ENAU – Maria Clara Fava
– SRHNE – Carlos Garcia
Mais:
Com mesas que discutem governança, eventos extremos, resiliência urbana, políticas públicas e integração entre ciência e sociedade, o SBRH reafirma seu papel como espaço de referência para o setor de recursos hídricos no Brasil. Entre debates, lançamentos, reuniões institucionais, sessões técnicas e atividades paralelas, a Vitória se tornará, durante seis dias, um grande centro nacional de reflexão, cooperação e construção coletiva pela água.
🔗 Programação completa e informações: https://eventos.abrhidro.org.br/xxvisbrh/












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