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#UPDATE SBRH: Saberes tradicionais, governança e justiça ambiental: o que a proteção das águas exige do Brasil hoje

Entrevista exclusiva com Daniela Maimoni de Figueiredo



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À medida que se aproxima o XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), ganham força os debates sobre a importância dos territórios, das comunidades tradicionais e dos saberes ancestrais na proteção das águas. Essa perspectiva estará no centro de uma das mesas mais sensíveis e potentes da programação: a mesa-redonda dedicada aos povos e comunidades tradicionais e sua relação com as águas, com enfoque especial nos desafios de vulnerabilidade socioambiental.


A professora Daniela Maimoni de Figueiredo, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), será palestrante e debatedora da mesa, trazendo reflexões sobre justiça hídrico-ambiental, governança, representatividade e os impactos de políticas públicas que afetam diretamente territórios tradicionais, especialmente no Pantanal.


Saberes, territórios e transformação: o diálogo com o mote do SBRH 2025

O SBRH 2025 tem como tema central “A Água como Agente de Transformação: Conectando Pessoas, Saberes e Territórios”. Para Daniela, a mesa dialoga diretamente com esse mote:

“A mesa redonda trata justamente da importância dos povos e comunidades tradicionais, seus territórios e saberes na proteção das águas.”

A participação de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros grupos tradicionais torna visível um ponto central: a água só pode ser protegida com a participação efetiva dos guardiões de seus territórios.


Avanços que fortalecem a gestão hídrica: da ciência aos conhecimentos tradicionais

Daniela aponta avanços técnicos e científicos importantes que se somam aos saberes tradicionais:

  • Valorização dos conhecimentos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, somados ao conhecimento científico.

  • Conceitos como rios voadores e cidades esponjas, fundamentais para compreender fluxos hídricos e adaptação climática.

  • Monitoramento da governança dos sistemas nacional e estaduais de recursos hídricos, permitindo avaliar funcionamento, decisões e impactos reais.

A pesquisadora ressalta que proteger a água requer múltiplos referenciais, desde ecológicos, sociais, culturais, políticos e territoriais.


Da pesquisa à ação: como transformar debates em impacto real

Segundo Daniela, o caminho para que pesquisas e debates se transformem em ações concretas envolve vontade política, fortalecimento democrático e participação social qualificada.


Ela destaca três frentes fundamentais:

  • Voto consciente e pressão contínua por representantes comprometidos com ciência, minorias, questões hídrico-ambientais e democracia.

  • Representatividade real de povos e comunidades tradicionais nos colegiados de participação social (comitês de bacia, conselhos de recursos hídricos, conselhos de meio ambiente etc.).

  • Expansão de espaços de divulgação científica e técnica nas redes sociais, tornando o conhecimento mais acessível.


Essas ações, afirma, são essenciais para implementar políticas públicas, financiar pesquisas, fortalecer instituições e garantir que decisões cheguem aos territórios vulneráveis.


Lacunas e prioridades do país: políticas públicas, governança e inovação

Daniela identifica três eixos urgentes:


1. Políticas públicas

  • Implementação efetiva da Política Nacional de Recursos Hídricos em todos os estados.

  • Criação de uma política municipal de gestão dos recursos hídricos, articulada à política nacional.

2. Governança

  • Ampliação da participação social, fortalecendo povos e comunidades tradicionais.

  • Redução de assimetrias de poder nos conselhos — políticas, econômicas, territoriais, de gênero, raça e etnias.

  • Cumprimento das decisões colegiadas pelos órgãos gestores.

  • Obrigatoriedade de monitoramento da governança hídrico-ambiental.

3. Inovação tecnológica

  • Conexão entre territórios e povos para criar redes de alerta, identificação e gestão de conflitos hídrico-ambientais.


Inclusão, diversidade e sustentabilidade: pilares do fortalecimento da ciência da água

Daniela reforça que as práticas inclusivas e sustentáveis do SBRH são coerentes com a missão da ciência da água:

“Fortalece a representatividade e valoriza conhecimentos científicos e outras formas de conhecimento, como as dos povos e comunidades tradicionais.”

Para ela, reconhecer diferentes saberes é condição indispensável para produzir soluções eficazes e duradouras.


Spoiler da mesa

Daniela adianta que será abordada importância dos pescadores ribeirinhos na proteção das águas e da biodiversidade do Pantanal e denunciará os impactos da Lei Estadual Cota Zero, que inviabilizou a pesca tradicional, atividade fundamental para os modos de vida, cultura e segurança alimentar dessas comunidades.A contribuição será central para discutir injustiças ambientais e a necessidade de políticas públicas que respeitem e protejam territórios tradicionais.


Rumo ao SBRH 2025

O XXVI SBRH será realizado de 23 a 28 de novembro de 2025, no Pavilhão de Carapina, em Serra (ES), reunindo milhares de profissionais, pesquisadores, gestores e estudantes de todo o país.


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