#UPDATE SBRH: Hidrólogos em ação – o papel da ciência na gestão de desastres e na proteção da vida

Entrevista exclusiva com Alexandre Cunha Costa

Faltando poucas semanas para o XXVI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (SBRH), os debates sobre o papel da ciência diante dos desastres ambientais e climáticos ganham ainda mais relevância.

Entre as mesas que prometem provocar reflexões profundas, está a Mesa-Redonda “De Norte a Sul: o papel de hidrólogos durante desastres”, que reunirá especialistas de diferentes regiões do país para discutir o envolvimento direto dos profissionais da hidrologia em ações integradas de prevenção, resposta e recuperação diante de eventos extremos.

O Professor e Pesquisador Alexandre Cunha Costa, especialista em Hidrologia, Desastres e Saúde Ambiental, participará como debatedor, trazendo experiências e reflexões sobre a importância da atuação interdisciplinar de hidrólogos ao lado de profissionais como sociólogos e enfermeiros, em projetos voltados à gestão proativa de secas e ao gerenciamento integrado da água e da saúde pública.

Interdisciplinaridade e o mote do SBRH 2025

Com o tema central “A Água como Agente de Transformação: Conectando Pessoas, Saberes e Territórios”, o SBRH reforça a necessidade de construir pontes entre áreas do conhecimento e atores sociais. Para Alexandre, esse diálogo é essencial:

“A gestão de desastres relacionados com a água, como as secas, é eminentemente interdisciplinar. Devido à multidimensionalidade dos desastres, é preciso considerar a diversidade de saberes e realidades nos territórios atingidos para que as soluções sejam realmente duradouras.”

Avanços científicos e desafios da gestão hídrica

Na visão do pesquisador, o avanço técnico e científico tem ampliado a capacidade de compreender e responder aos desafios da gestão hídrica. Entre os progressos mais recentes, ele destaca:

• O acúmulo de conhecimento sobre a interação entre águas superficiais e subterrâneas em diferentes contextos climáticos;

• O melhor entendimento sobre os efeitos das secas severas em hidrossistemas de diferentes escalas;

• E o reconhecimento do papel estratégico da água subterrânea e das soluções locais de abastecimento para promover segurança hídrica e saúde pública em regiões de escassez.

Esses avanços, segundo Alexandre, reforçam a importância de alinhar ciência, planejamento e políticas públicas em torno da resiliência hídrica e social.

Da pesquisa à política pública: a ponte necessária

Um dos pontos centrais da fala de Alexandre é a necessidade de transformar o conhecimento científico em políticas públicas aplicáveis. Ele explica que, para isso, é essencial planejamento e investimento direcionado:

“Essa ‘ponte’ entre a ciência e a prática precisa ser desenhada como política pública e contar com financiamento específico das agências interessadas. Só assim será possível transformar o que é discutido em espaços como o SBRH em resultados concretos nos territórios.”

O que o Brasil precisa priorizar

Questionado sobre lacunas e oportunidades no cenário nacional, Alexandre é categórico: o país precisa investir em integração e planejamento.

“Precisamos avançar na gestão integrada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, na integração quali-quantitativa entre recursos hídricos e saneamento ambiental, e incorporar os eventos climáticos extremos de forma estruturada ao planejamento nacional de recursos hídricos.”

Ciência, inclusão e sustentabilidade

O SBRH 2025 também reforça o compromisso da ABRHidro com a inclusão, diversidade e sustentabilidade. Para Alexandre, essas práticas estão no centro da construção de uma ciência mais eficaz e transformadora:

“Essas dimensões tornam possível produzir políticas públicas baseadas em evidências, especialmente voltadas às populações mais vulneráveis. É disso que nasce a verdadeira transformação.”

Spoiler da mesa

Sem revelar tudo, o pesquisador antecipa que a mesa pretende discutir experiências e boas práticas de hidrólogos em campo, com foco na integração entre ciência, território e sociedade. O objetivo é fortalecer a presença desses profissionais em situações de crise e ampliar sua contribuição para a gestão proativa e preventiva de desastres hídricos.

Rumo ao SBRH 2025

Realizado entre 23 e 28 de novembro de 2025, no Pavilhão de Carapina, em Serra (ES), o XXVI SBRH reunirá milhares de profissionais, gestores, pesquisadores e estudantes de todo o país. Organizado pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), o evento reafirma seu papel como o maior e mais plural fórum técnico-científico da área, fortalecendo o diálogo entre ciência, política pública e sociedade.

A mesa “De Norte a Sul: o papel de hidrólogos durante desastres” será um dos destaques da programação, reunindo experiências e reflexões que conectam diferentes regiões e saberes em torno da proteção da vida e da gestão sustentável da água.

🔗 Mais informações: eventos.abrhidro.org.br/xxvisbrh