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Vista aérea do rio

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Ademir Barbassa: um mês de saudades


A ABRHidro relembra com dor e saudade profundas o falecimento do amigo Ademir Barbassa, Engenheiro Civil, professor, pesquisador, associado e membro ativo da Comissão Técnica de Águas Urbanas, ocorrido em 29 de maio último. Barbassa muito contribuiu para a formação de recursos humanos e para o avanço da técnica e da ciência na área de recursos hídricos. Com seu sorriso fácil e sua palavra gentil, conquistou muitos amigos e sua lembrança e obra deixam nossos corações repletos de saudade, bem como nossa missão carente de sua mente brilhante.


O texto a seguir, escrito por Maria Fernanda Nóbrega dos Santos, atual coordenadora da Comissão Técnica de Águas Urbanas, que também foi sua orientanda no Doutorado, é uma homenagem a um mês de saudades de Ademir Barbassa. As sensíveis palavras destacam a generosidade de Ademir com seu tempo e sua paixão pelo ensino e pela pesquisa. Ademir era conhecido por sua disponibilidade para conversas e debates profundos, seu comprometimento com o aprendizado e seu cuidado com as pessoas ao seu redor. Leia a seguir:


“Ademir Barbassa tinha tempo. E pronto. Discutia longamente os assuntos, fosse uma equação de chuva, fosse a última notícia da política. Não havia diferença. Como um bom mineiro, ele sempre estava disponível para ‘um ou dois dedos de prosa’.


Ademir enlouquecia os ‘produtivos’. Se, às vésperas de uma entrega, existisse algum ponto que ele ainda não estivesse convencido, não hesitava em desconstruir uma teoria. Para depois construir... e desconstruir novamente. Ademir enfurecia os ‘pontuais’. Faltando cinco minutos para terminar uma reunião, se alguém levantava uma dúvida... prontamente ele ia para a lousa, queria discutir até esgotar as hipóteses. Os exercícios mentais o fascinavam, desde pequeno.


Mas acima de tudo, Ademir era generoso com seu tempo. Tive a alegria de compartilhar inúmeras tardes com ele no laboratório de hidráulica da UFSCar. Naquele tempo, eu também não tinha pressa. No nosso último encontro, Ademir cuidava de uma prova da sua turma de graduação. Passamos uma tarde inteira juntos, uma tarde fria e ensolarada. Ele se divertiu com as dúvidas que surgiram e aproveitou para ensinar mais algumas coisas aos alunos. Me falou da sua família e de sua luta contra a doença que teimou em se fazer presente na sua vida. Fez uma pausa na prova. Tomamos café. O tempo parecia ter outro ritmo.


Alguns dizem que tempo é dinheiro. Outros (prefiro), que é um recurso não renovável. E Ademir sabia. Sabia que temos pouco tempo nessa existência. E por isso, ao contrário do que pode parecer aos olhos menos atentos, nunca desperdiçou seu tempo. Ele o fez significativo: para ele e para todos que tiveram a sorte de o conhecer. E, ao partir em 29 de maio de 2024, Ademir Barbassa nos deixa esse último ensinamento, sobre a vida e sobre o tempo. Obrigado, mestre.


Maria Fernanda Nóbrega dos Santos

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